LAGOA DE MONTANHAS

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quinta-feira, 4 de outubro de 2012

SÃO FRANCISCO DA CIDADE DE ASSIS NA ITÁLIA

A Itália é um país de solo sagrado. Que nação abriga, dentro de tão exíguo território, lugares como o Vaticano, a Capela de San Gennaro e o Duomo de Florença?
Poucos destinos italianos, porém, mexem tanto com os devotos quanto Assis, pequena cidade da região da Umbria onde, no ano de 1182, nasceu Francesco Giovanni di Pietro Bernardone.
Filho de uma família próspera, comandada por um pai comerciante de tecidos, Francesco viveu uma juventude boêmia e, no começo do século 13, chegou a lutar em batalhas contra a cidade vizinha de Perúgia, em um momento em que a região presenciava grandes conflitos territoriais.


Foto 3 de 23 - Viajante caminha pelo centro histórico de Assis, uma das cidades mais sagradas da Itália Marcel Vincenti/UOL
Caiu prisioneiro de guerra, adoeceu no cárcere e, após retornar a Assis, sua vida mudou. Foi nesse momento que, segundo a história, Francesco teria começado a ouvir chamados divinos para que dedicasse sua existência a Deus.
O jovem abandonou todos os seus bens materiais, abraçou a pobreza e passou as décadas seguintes em peregrinações ao redor de Assis e da Itália, nas quais ajudou pessoas doentes (principalmente leprosos), fez pregações, interagiu com a natureza e juntou ao redor de si um grupo de seguidores, com quem formou a Ordem dos Franciscanos.
Não demorou para que a aura divina que cercava Francesco se propagasse para toda a história – e ficasse impregnada em sua cidade natal, Assis.
Clima sagrado
O caráter sagrado de Francesco – que, após a sua morte, ocorrida em 3 de outubro de 1226, foi canonizado e transformado em São Francisco de Assis– ainda influencia o clima de seu berço.
Todos os anos, milhares de turistas viajam a Assis para fazer uma peregrinação por suas ruas medievais e, principalmente, pela enorme Basilica di San Francesco, erguida em louvor ao santo que, por sua renúncia às posses, também ficou conhecido com “Il Poverello” (algo como “O Pobrezinho”).
  • Marcel Vincenti/UOL Turista observa o pôr do sol desde mirante da cidade de Assis, destino sagrado da Itália
A basílica abriga um complexo religioso que começou a ser construído em 1228 e, hoje, exibe inúmeras obras de arte e relíquias para os visitantes: afrescos atribuídos ao artista Giotto, pinturas de Cimabue e objetos que pertenceram a São Francisco e que representam a vida austera à qual ele se dedicou: estão lá sua túnica, suas sandálias e fragmentos de algumas de suas obras, como o “Cântico das Criaturas”. 
Na cripta, onde se encontram os restos mortais de São Francisco, dezenas de pessoas se juntam em orações silenciosas, quase sempre acompanhadas por lágrimas de emoção. São padres, freiras e devotos do mundo inteiro, de todas as feições, tocados pela história de ajuda ao próximo construída nesse território que os cerca.
Passeio nas colinas
Ao sair da basílica, os fiéis voltam a se deparar com a linda cidade que é Assis. Cercado pelas paisagens rurais da Umbria, e erguido sobre um terreno alto e acidentado, o local reúne uma série de locais sagrados relacionados com a história de São Francisco – e lindos mirantes para os campos e montanhas vizinhos.
  • Marcel Vincenti/UOL Berço de São Francisco, Assis é uma cidade medieval da região da Umbria, no coração da Itália
Erguida no século 13, a Basílica di Santa Chiara, por exemplo, homenageia Santa Clara, discípula de Francesco e líder da Ordem das Clarissas. A Chiesa Nuova, por sua vez, foi construída no século 17 no local onde teria existido a casa de São Francisco. E a igreja Duomo di San Rufino, do século 13, abriga a fonte onde São Francisco e Santa Clara foram batizados.
É na caminhada pelos arredores da cidade, entretanto, que os turistas podem seguir os passos do santo: é nessa região verdejante, cercada de oliveiras, que ele compôs o Cântico das Criaturas, que se recolhia em cavernas para rezar e que supostamente estabelecia longos diálogos com os pássaros.
Na paisagem também aparece o Santuário di San Damiano, onde o “Poverello” teria conversado com Deus. E no horizonte, se a sorte colaborar, o viajante poderá presenciar sua própria manifestação celeste: no momento em que se põe, o sol dá às construções de Assis uma coloração rosada e transforma o céu num enorme manto de fogo. Fica fácil entender por que São Francisco amava tanto a natureza.

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