A 1ª "Marcha da Família" é considerada marco de apoio ao obscuro Regime Militar de 64, que deixou vários mortos e desaparecidos políticos
POR RODRIGO RODRIGUES
Prestes a completar 50 anos do sangrento Golpe Militar que vitimou mais de 362 brasileiros mortos e desaparecidos, um grupo de paulistanos e cariocas resolveu aproveitar o Carnaval para distribuir panfletos e convocar a reedição da chamada “Marcha da Família com Deus e pela Liberdade”. 
Como se sabe, a primeira edição da tal marcha aconteceu poucos dias antes da deposição do presidente João Goulart, em 1964, data que mergulhou o Brasil numa crise institucional e política por vinte e um anos, trazendo a tortura e a censura para a vida cotidiana dos brasileiros. 
A nova edição da marcha está sendo convocada para o dia 22 de março em São Paulo e percorrerá o trecho entre a Praça da Sé e a Praça da República.
Como em 1964, a convocação tenta arrebanhar adeptos com motes contra causas como o “Comunismo”, o “Marxismo” e o que eles chamam de “Doutrinas vermelhas”. 
As marchas estão sendo marcadas para São Paulo, Rio e Curitiba. No Facebook há eventos abertos para tentar arrebanhar pessoas, mas a página de São Paulo tem apenas 81 confirmados, o que mostra, mais uma vez, que os brasileiros não querem o retorno da censura às liberdades individuais e não toleram mais regimes totalitários. 
Vale lembrar que no ano passado, durante o auge das manifestações de julho, o mesmo grupo tentou convocar uma passeata em favor da volta da Ditadura. Conseguiram reunir menos de cem pessoas no vão livre do MASP, em 10 de julho. 
E como era de se esperar entre os brasileiros em época de Carnaval, há várias comunidades no Facebook tirando sarro da convocação da minoria de saudosistas do tempo da censura prévia.
As piadas convocam para o mesmo dia várias marchas pelo Brasil intituladas "Marcha da Família Depravada", que, entre outras reivindicações, exige a legalização do "bundalelê" em território nacional. 
Panfleto distribuído em São Paulo que convoca uma nova edição da
Panfleto distribuído em São Paulo que convoca uma nova edição da "Marcha da Família", tradicional ato de apoio à Ditadura Militar